Um porta-enxerto de café resistente a nematoides
Os produtores de café já podem contar com um novo porta-enxerto multirresistente a nematoides desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, por meio de tecnologia inédita. O porta-enxerto IAC Herculândia é resultado da recombinação de cinco cultivares clonais de Coffea canephora denominadas IAC WG, IAC FEBS, IAC PM, IAC LCCBF e IAC AR.
O porta-enxerto IAC Herculândia apresenta resistência simultânea aos nematoides Meloidogyne exigua, M. incognita e M. paranaensis. O lançamento foi ontem, na sede do IAC, em Campinas. “A tecnologia adotada envolve a recombinação desses cinco clones que, plantados juntos, se cruzam gerando sementes do porta-enxerto da cultivar porta-enxerto. É a primeira vez que esse método de seleção é utilizado no Brasil, em cafeicultura”, afirma Oliveiro Guerreiro Filho, pesquisador do IAC, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
De acordo com Guerreiro, como o porta-enxerto IAC Herculândia é multirresistente às três espécies de nematoides, qualquer cultivar suscetível de café arábica pode ser utilizada como copa no cultivo em solos infestados por esses parasitos.
O objetivo da pesquisa, iniciada há cerca de 35 anos, foi reunir em um único porta-enxerto uma alta frequência de plantas simultaneamente resistentes às três espécies de nematoides. Isso porque esses três tipos podem ocorrer com frequência, de forma simultânea. Então, a cafeicultura carece de um material que resista a essa condição. Em média, a presença de nematoides nas lavouras cafeeiras causa perdas de 20% no Brasil.
“Nós usamos cinco clones porque consideramos que seria a estratégia mais adequada por aumentar as chances de o florescimento das plantas ocorrer simultaneamente, condição indispensável para a formação de sementes”, explica.
Segundo o cientista, usar porta-enxerto resistente é a forma mais adequada para o controle de nematoides. Quem não adota esta tecnologia, mais cedo ou mais tarde terá que recorrer a produtos químicos ou biológicos, que em geral apresentam eficiência limitada no controle de nematoides.
